segunda-feira, abril 11, 2005

Uma casa portuguesa - parte II

Este é o tão esperado post sobre o modo como o português transforma, beneficiando, o seu mundo outdoors. O afinco com que se dedica a esta actividade não é comparável, no entanto, ao entusiasmo com que 'alinda a sua vivenda'. Como sabemos, o tuga é todo asseio e cuidado só da porta para dentro, porque o seu canito pode cagar o passeio todo à vontade e lixar a manhã ao transeunte, que é pró lado que ele dorme melhor.

Apesar de tudo, a viatura, instrumento da sua portugalidade, merece também um pouco da sua atenção. Dentro dela, é vulgar encontrarmos alguns (por vezes todos) destes artigos:

- bailarina, espanhola matulona versão mini e terço, tudo a dar que dar, pendurados no espelho retrovisor.
- Esteira de bolinhas a cobrir o banco do condutor, para evitar a dor nas cruzes (o tuga saudável e mánovo, que não se queixa da espinha, prefere um carpélio fofinho, tipo ovelha amarelada, que também não está nada mal).
- Cão a pilhas, que diz que sim, assentadinho lá atrás. Normalmente não ladra quando aparece um ladrão para gamar o auto-rádio, mas o dono, tendo-se afeiçoado a ele, venera-o como se de um cão polícia se tratasse.
- Bandeira de Portugal a forrar o encosto da cabeça ( item novo, aderivado à febre do Euro).
- Fotografias do casalinho (em tendo) por cima do porta luvas - este item, infelizmente, está em vias de extinção.
- Pinheirinho de cheiro (se couber, pendurado no retrovisor), para aromatizar de eucalipto, o ar infecto de flatulências e fumo de kentucky.

Para a próxima vou desenterrar os invulgares hábitos da construção portuguesa, que o que o Tuga gostava, na realidade, era de ser arquitecto.