Regressada de uma estadia no Sul do país, após uma ausência prolongada destas paragens (desde 95 que não passava um Verão no Algarve), não resisto a partilhar convosco o meu sentimento de estranheza em relação ao povo algarvio.
Trata-se sem dúvida de outra raça. É certo que o português não é bonito nem bem educado, não trata bem o seu semelhante e presta, em geral, um mau serviço, mas o Algarvio ABUSA! Não sei a que se deve a atitude marafada. Pensando bem, o Algarvéu devia ser alegre, bem disposto, cordial, sárádo e bronzeado - afinal goza de temperaturas amenas ao longo do ano, tem o mar ao pé, é visitado por povos estrangeiros (alguns bárbaros, conceda-se...), não troca os vês pelos bês...
Mas não :
O Tuga dos mares do sul é pouco amigo do trabalho - em plena época alta só serve jantares até as 8. ´É rude - se pedirem, gentilmente, à empregada do café para cortar uma sandocha ao meio, levam logo com a resposta certeira: 'nã soeu que toue a fazere a sande, é lá dentre na cozinha'.
É mal educado - trata os clientes por tu (este fenómeno é transversal aos vários serviços - desde o empregado de café, ao banheiro, etc.) - Na praia perguntei a um baywatch se podia levar um cinzeiro-cone - 'Sim, Levajo cinzeiro e depois despejas além no lixe'.
É ordinário - 'Olhe, pf, tem pão de rala?' 'Querejum um pão de rata? '
Ainda assim, Quarteiras e Zézés Camarinhas à parte, há sítios lindos a Sul, como Cacela-a-Velha. Há restaurantes maravilhosos, como o Vila-Lisa, na Mexilhoreira Grande e o Fialho em Torre de Aires. Há praias magníficas entre Manta Rota e a Fábrica.
Por isso vale a pena voltar, comer muito pão, ostras cruas, conquilhas e lingueirão como se não houvesse amanhã.
Nota: A tão desejada fotografia, que mostra uma exemplar algarvia sentada em L, foi tirada ontem na praia do Ancão (onde nada faria crer que nela tropeçássemos...).